II Congresso Brasileiro Científico de Comunicação
Organizacional e de Relações Públicas

Tema central
Comunicação, Sustentabilidade E Organizações
28 a 30 de abril de 2008 - Belo Horizonte, MG, Brasil

O II Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e Relações Públicas dá continuidade ao debate iniciado com a realização do primeiro congresso, realizado em 2007, pretendendo consolidar cada vez mais a pesquisa acadêmica e os estudos nessas áreas de conhecimento, além de ampliar o espaço de interlocução entre universidade, sociedade e mercado.

No contexto da realidade brasileira, pode-se afirmar que o país conta com um grupo de pesquisadores com expressiva massa crítica, em condições de refletir sobre a produção científica gerada nos cursos de pós¬graduação e contribuir para sistematizar as experiências que vêm sendo vivenciadas na prática.

É dentro desse cenário que a Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação Organizacional e Relações Públicas (Abrapcorp), sob a coordenação da Faculdade de Comunicação e Artes e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social – Interações Midiáticas da Pontifícia Universidade Católica de Minas (PUC-Minas), promove, de 28 a 30 de abril de 2008, em Belo Horizonte (MG), o Abrapcorp 2008.

A Faculdade de Comunicação e Artes, em seus 37 anos de existência, tem estimulado continuamente a visão crítica e a investigação teórico-conceitual sobre os processos da Comunicação Organizacional e das Relações Públicas, conquistando visibilidade junto a professores e pesquisadores, nacionais e internacionais, e a empresas brasileiras. A criação do Grupo de Pesquisa de Aspectos Teórico-Conceituais da Comunicação Organizacional”, em 2003, e do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, em 2007, ajudam a instigar a reflexão sobre as possibilidades de desenvolvimento teórico e prático da comunicação das organizações.

O II Congresso da Abrapcorp tem como tema central “Comunicação, sustentabilidade e organizações”, a ser desenvolvido ao longo de cinco subtemas – “Comunicação para a sustentabilidade em sociedades complexas”; “Comunicação organizacional e sustentabilidade na perspectiva européia”; “Avaliação e resultados da ação da comunicação na sustentabilidade organizacional”; “Sustentabilidade do planeta: comunicação, estado e sociedade”; e “Comunicação e ética nas organizações”.

Não por acaso, a escolha do tema convida ao engajamento nas discussões contemporâneas, uma vez que se convencionou designar 2008 como Ano Internacional do Planeta Terra. Abordar o relacionamento entre o social e o natural, inserindo nesse debate, de maneira explícita, a dimensão comunicativa, é um dos propósitos do evento.

O termo “sustentabilidade”, tão atual e tão presente nos estudos e nas atividades dos diferentes segmentos da sociedade civil, da iniciativa privada e da esfera governamental, tem origem em um estudo levado a efeito, há vinte anos, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Comissão Brundtland, que reuniu os trabalhos por ela produzidos no livro Nosso futuro comum, publicado em inúmeros países e, entre nós, traduzido e editado pela Fundação Getúlio Vargas em 1991.

Concluiu a referida comissão que “o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos-chave: o conceito de 'necessidades', sobretudo as necessidades essenciais dos pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade; e a noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras”. Portanto, a base do que se entende hoje por sustentabilidade passa necessariamente pelas conclusões dessa iniciativa pioneira.

A sustentabilidade precisa ser entendida com base no conceito de triple bottom line idealizado por John Elkington, que envolve, a um só tempo, o desenvolvimento econômico, a promoção social e tudo isso sem agredir o meio ambiente. Em síntese, na busca do progresso, há que se preservar os valores econômicos, sociais e ambientais.

A questão da sustentabilidade tem sido amplamente discutida na comunidade internacional, trazendo implicações para os mais diversos âmbitos. Fernando Almeida, no livro Os desafios da sustentabilidade, ao falar da responsabilidade no mundo tripolar, chama a atenção para a necessidade de um trabalho conjunto no que tange a essa questão. “Não há formulação de políticas ou solução possível sem o envolvimento dos três atores fundamentais na sociedade – empresas, governos e sociedade civil –, tendo o conhecimento produzido pela ciência como orientação.”
Para Leonardo Boff , “há quatro séculos todas as sociedades mundiais são reféns de um mito: o mito do progresso e do crescimento ininterrupto e ilimitado. Cada ano todo país deve ostentar taxas crescentes na produção de bens e serviços. Por aí se mede, pelos critérios ainda dominantes, se é desenvolvido, subdesenvolvido ou simplesmente atrasado”. A lógica dominante é o crescimento econômico, sem propósitos claros de uma interconexão com o desenvolvimento social, a preservação ecológica e a sustentabilidade.

Trata-se, assim, de um tema crucial, que precisa ser levado em conta por todas os setores da sociedade. Das organizações exigem-se posturas mais transparentes e intervenções conscientes na complexidade do momento atual, que considerem os interesses da sociedade e os impactos ambientais de suas ações; dos pesquisadores, contribuições com a geração de novos conhecimentos; e do Estado, a formulação de leis e políticas públicas, bem como a vigilância e fiscalização para que o desenvolvimento seja orientado pela tripolaridade dos valores econômicos, sociais e ambientais
Essas três dimensões são os pilares para o desenvolvimento sustentável também nas organizações. A sustentabilidade é o ponto de intersecção entre suas estratégias de negócio e suas demandas políticas, sociais e econômicas, alinhadas à preservação ecológico-ambiental do planeta. Conhecer o tema e os enfoques mais atuais, trocar experiências, além de saber como esse assunto se relaciona com suas práticas de comunicação, é o grande desafio contemporâneo e um dos propósitos deste congresso da Abrapcorp.

Essa temática já foi incorporada na maioria das organizações, passando a atuação em defesa do meio ambiente a ser percebida como uma nova postura pública por parte delas. Tal atitude reflete uma tomada de consciência de seu papel na sociedade global e de que elas não podem continuar se pautando por uma política de indiferença. É notório o trabalho já desenvolvido por muitas organizações, que, por meio de planos de ação ambiental, vêm tentando demonstrar seu compromisso com essa causa junto às comunidades locais e à sociedade em geral.
O Abrapcorp 2008 visa ser um espaço crítico, de cunho acadêmico e técnico, para buscar e explorar uma melhor compreensão de como a comunicação, enquanto filtro analítico da realidade e frente de ação, pode contribuir para a construção de projetos de sustentabilidade. Nesse contexto, as dimensões institucional, técnica e mercadológica da comunicação ganham relevância, otimizando o relacionamento das organizações com os seus públicos estratégicos, especificamente, e com a sociedade, de uma maneira mais abrangente, nessa busca de construção da sustentabilidade.

Considerando a necessidade de se assimilar melhor essa questão, mesmo em termos mundiais, o debate sobre ela, no Abrapcorp 2008, será fomentado com as contribuições dos renomados professores Stanley Deetz (Universidade do Colorado, Boulder/EUA, – ex-presidente da International Communication Association) e Arlette Bouzon (Universidade de Toulouse III, França). E não se pode deixar de mencionar também a presença de grandes expoentes brasileiros, tanto da academia como do mercado, que vêm se dedicando a essa temática e cujos aportes para o congresso serão de grande relevância. É com o objetivo de suprir lacunas na compreensão sobre o papel da comunicação na busca da sustentabilidade das II Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas organizações que o Abrapcorp 2008 coloca o desafio dessa reflexão.

O congresso, além de, nas diversas sessões, permitir esse debate sobre uma temática capaz de equacionar assuntos de relevância para o avanço científico das áreas de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas, criará a oportunidade, por meio dos Grupos Temáticos (GTs) da Abrapcorp, de um diálogo construtivo entre pesquisadores e profissionais sobre os estudos que vêm sendo produzidos pelas Ciências da Comunicação.

Espera-se que, com o II Congresso Científico de Comunicação Organizacional e Relações Públicas, a comunidade acadêmica contribua para o avanço dos estudos sobre um tema da maior relevância na atualidade – a relação entre comunicação e sustentabilidade. As organizações, afinal, como participantes ativas desse processo de mudança pelo qual passa a sociedade, não podem prescindir da comunicação para a disseminação de valores, princípios e práticas sustentáveis.
A realização do Abrapcorp 2008 só foi possível graças ao conjunto de apoios recebidos de pessoas, órgãos públicos de fomento à pesquisa – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp) –, entidades parceiras e organizações privadas Alcoa Inc.; ArcerlorMittal Brasil; Basf S.A.; Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG; Fiat Automóveis; Consultora Norberto Odebrecht S.A.; Petróleo Brasileiro S.A. -Petrobras e Companhia Vale do Rio Doce -Vale.

Registre-se, ainda, um agradecimento muito especial à Faculdade de Comunicação e Artes e ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social – Interações Midiáticas da PUC-Minas, na pessoa da Profa. Dra. Ivone de Lourdes Oliveira, que, com sua equipe de professores, funcionários e alunos, não mediu esforços para que este congresso acontecesse de uma forma que certamente se revelará muito dinâmica e produtiva.

A todos, o nosso reconhecimento público pelas contribuições e por acreditarem que os campos científicos das Relações Públicas e da Comunicação Organizacional têm uma missão a cumprir no sentido de promover a sustentabilidade social e o diálogo entre as organizações, os públicos, a opinião pública e a sociedade.

Aos participantes do congresso, provenientes das mais diferentes regiões do território nacional e de outros países da América Latina, que aqui estão nos prestigiando, nossas boas-vindas e nossa satisfação por vê-los se integrando à missão da Abrapcorp e aos objetivos deste evento.


Margarida Maria Krohling Kunsch
Presidente da Abrapcorp